Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

just keep swimming

just keep swimming

31
Ago21

36.

mar

Hoje é o teu dia. Sempre foi, sempre será. 

Já pensei em ti muitas vezes hoje. Apareces-me no pensamento, de forma inesperada, e é sempre bom encontrar-te e pensar em ti. Naquilo que vivi contigo, no tanto que me ensinaste, na enorme e gigante pessoa que foste. Deixaste-me muito mais do que aquilo que alguma vez conseguirás imaginar; foste, és e creio que continuarás sempre a ser o meu grande modelo e exemplo. Pela tua força, pela tua determinação, pela tua coragem. Pelo cuidado e carinho, pelo teu colo acolhedor e abraço quente. 

Contigo ficou uma grande parte de mim, talvez uma das melhores. Porque, aos teus olhos, eu era sempre especial e sentia-me sempre assim. Olhavas-me com tanto amor e adoração, fazias-me sentir eternamente pequenina e protegida e como isso era maravilhoso!

Parabéns, minha avó fofinha. Gosto tanto de ti! Onde quer que estejas, sabe que continuas viva em mim e enquanto eu cá estiver, tu também estás. 

27
Ago21

35. mercado de trabalho

mar

Volta e meia, mas com menos frequência do que aquela que deveria, faço uma pesquisa pelas vagas de emprego disponíveis na minha área de residência e terrinhas adjacentes. Quase sempre fico surpreendida e triste com aquilo que encontro disponível no mercado. Há uma enorme procura de pessoas para funções para as quais não são necessárias habilitações académicas superiores e muito pouca oferta para aqueles que têm essa formação. E acho que isto tem de nos deixar a pensar um bocadinho no rumo que o mercado de trabalho está a seguir.

Embora trabalhos como serralheiro, eletricista, torneiro mecânico, sei lá, são apenas alguns exemplos que me atravessam a mente neste momento, não exijam um determinado curso superior, exigem um enorme know-how que, normalmente, advém da experiência. O mesmo se aplica com algumas áreas industriais e fabris: é frequente os operadores de chão de fábrica terem mais conhecimento sobre as máquinas do que os ditos engenheiros mecânicos e eletrotécnicos, porque são os primeiros que estão todos os dias no terreno, com as mãos na massa, a desvendar as manhas e enigmas das máquinas. No entanto, muitos deles não tiraram nenhum curso, aprenderam com a experiência. O que quero dizer com isto é que não se pode desvalorizar as pessoas sem formação académica superior e achar que não ter um curso superior faz delas inferiores. O mercado de trabalho atual é a prova disso, porque existe uma enorme procura e uma escassa oferta destes profissionais.

Por sua vez, na situação oposta, os académicos, recém-licenciados, mestres e até doutorados, passam dias a fio a enviar currículos espontaneamente na esperança de que alguém os chame para uma entrevista e, no limite, lhes ofereça um estágio profissional. Tiraram um curso, especializaram-se, fizeram três cursos de línguas diferentes e, pelo meio, ainda ajudaram em algumas associações de voluntariado. A maioria até teve a oportunidade de estudar um semestre noutro país e muitos estiveram à frente de projetos académicos exigentes e muito dignos. No entanto, na hora de entrar no mercado de trabalho, são apenas mais um. Não há qualquer diferenciação quando toda a gente à nossa volta tem um curso e, aparentemente, tem o mesmo para oferecer.

Sei que estou a ser muito redutora no meu raciocínio, porque é certo que não partimos todos do mesmo ponto de partida e que duas pessoas com um currículo exatamente igual são seguramente diferentes a trabalhar e podem trazer diferentes mais-valias a uma empresa. Mas estou a tentar traçar o retrato do nosso mercado profissional atual: todos os anos se formam milhares de jovens num país que, infelizmente, não tem espaço para abraçar todos.

Se, por um lado, é uma conquista a educação estar cada vez mais acessível a toda a população, por outro lado, questiono-me se não se deveria refletir acerca do ensino superior e rever os diferentes cursos e o número de vagas dos mesmos. Sei que a solução não deveria passar por cortar as oportunidades de formação, mas sim ampliar as oportunidades de trabalho. É verdade, esse seria o cenário ideal e eu espero, honestamente, que caminhemos nessa direção, mas à luz daquele que é o cenário atual, creio que se torna necessário refletir se não estamos a tornar-nos numa fábrica de licenciados, mestres e doutorados que depois não podem aplicar os conhecimentos que adquiriram através de um investimento contínuo e exigente. É, no mínimo, injusto. E por mais que eu seja a favor da máxima de que o conhecimento não ocupa lugar, não posso ser lírica e crer que todas as pessoas que seguem à universidade vão com a única expectativa de alargarem os seus conhecimentos. Isso deverá ser uma pequena fatia da população que ingressa na faculdade; a maioria vai com um plano de carreira, vai para se formar numa área e, posteriormente, trabalhar nela e construir a sua vida.

No meu caso pessoal, optei por tirar o curso de psicologia, na altura completamente alheia à realidade do que era a psicologia em Portugal. Tinha 18 aninhos feitos há pouco tempo, mais dúvidas do que certezas, e segui a única área que achei que poderia gostar. Não me enganei, adorei o curso e se pudesse passaria a minha vida a investir em formação e pós-graduações dentro desta área. Mas quando cheguei ao fim de cinco anos, além de um mestrado na mão, não tinha qualquer perspetiva de oportunidade de trabalho. Aliás, para dificultar um pouco mais a situação, no caso particular da psicologia, ainda tinha a obrigatoriedade de fazer um estágio profissional para a Ordem dos Psicólogos para poder exercer. Mas isto é um outro assunto, que fica para um outro post. O que quero dizer é que hoje trabalho numa área diferente daquela na qual me formei (apenas faço alguns trabalhos na minha área), porque foi onde tive oportunidade de trabalho. Um curso já não nos define como talvez, em tempos, aconteceu. E isto acontece não apenas porque nem sempre tiramos o curso que realmente se identifica connosco e o que queremos fazer, mas sobretudo porque muitas vezes somos forçados a abrir janelas quando as portas principais se fecham. Torna-se imperativo procurar outras opções quando as primeiras deixam de ser válidas.

Pensemos na realidade do curso de psicologia, que é a que conheço melhor. Há cursos no Porto, Braga, Aveiro, Covilhã, Coimbra, Lisboa, Algarve e deverão existir noutras cidades, que não conheço. Além das universidades públicas, somam-se as privadas onde o curso também é lecionado. Agora somemos a quantidade de psicólogos que se formam por ano e olhemos para a situação precária da psicologia em Portugal.

Embora sejamos dos países com maior consumo de antidepressivos e ansiolíticos, o que nos alerta para o facto de a saúde mental estar completamente marginalizada (embora a pandemia tenha vindo ajudar a que o tema se torne falado com outra postura), não temos oportunidades para estes profissionais. O serviço nacional de saúde, neste aspeto, é vergonhoso. Estive num centro de saúde a trabalhar, numa das maiores cidades deste país, e era assustadora a quantidade de processos clínicos em lista de espera. E os poucos e escassos funcionários disponíveis também não conseguiam dar resposta. O que quero dizer é que existe muito trabalho na área da saúde mental, mas não existem oportunidades, o que são coisas completamente diferentes. Há muito trabalho a fazer não só a nível corretivo/remediativo, mas também a nível preventivo. Em todos os contextos: escolas, lares, empresas, hospitais, centros de saúde; para todas as faixas etárias. Mas onde estão as oportunidades?

Sei que a criação da ordem ajudou a filtrar muitas pessoas, porque a verdade é que muitos colegas não conseguem sequer fazer o estágio profissional e ao fim de tantas tentativas, acabam por desistir e seguem por outros percursos profissionais. Não morre ninguém, é certo que a vida é reconstrução e o plano inicial traçado não tem de ser o concluído, mas também não podemos negar a tristeza que é investir numa formação, não apenas dinheiro, mas também tempo, energia e dedicação, para depois ver esse investimento cair em banca rota.

Falo da psicologia, mas, infelizmente, esta realidade é transversal a muitas outras áreas. E quando faço o que fiz ontem, que é ver as vagas disponíveis, constato que ter uma formação superior não só não assegura nenhuma oportunidade como ainda pode ser um obstáculo a seguir um percurso alternativo.

Felizmente, para aqueles que constituem o universo dos trabalhadores indiferenciados, as oportunidades vão aparecendo. No local onde trabalho, a maioria das pessoas não tem formação superior e tem um trabalho onde se sente realizada, onde conseguiu evoluir e tem uma remuneração igual ou superior à dos ditos formados. E sei que muitos destes colegas, mesmo sem o diploma, sabem tanto ou mais do que muitos académicos, pelo que fico feliz por ver o seu conhecimento e experiência serem reconhecidos. Não é isto que me causa estranheza ou tristeza; o que me deixa revolta é a situação em que se encontram os outros. Que podem saber tanto, ou mais ou menos, mas nem sequer têm uma oportunidade para o mostrar; que não são contratados porque não têm experiência e, desse modo, ficam eternamente condenados porque nunca a poderão adquirir. 

Entrei no mercado de trabalho oficialmente há quatro anos e a minha visão acerca deste universo tem variado, também em função das oscilações sentidas no próprio mercado. É apenas a minha reflexão acerca de um tema que não é nada fácil, mas que é urgente refletir acerca de. Há muitas variáveis a considerar, é preciso olhar a questão de diferentes ângulos e perspetivas e espero que a minha opinião não tenha sido demasiado obtusa e limitativa. 

E vocês? O que pensam acerca deste assunto? Como podemos, na vossa opinião, inverter este cenário?

27
Ago21

34. friday inspiration

mar

Subscrevo algumas newsletters, uma delas é a do James Clear, de quem já falei aqui. Adoro o facto de todas as quintas-feiras receber um email do James que me faz pensar e quase sempre me inspira. O de ontem foi tão bom, que me apetece partilhar com vocês uma pequena parte:

Nadine Stair, an 85-year-old woman from Louisville, Kentucky, shares her answer when asked, "How would you have lived your life differently if you had a chance?"

"If I had my life to live over again, I’d dare to make more mistakes next time. I’d relax. I’d limber up. I’d be sillier than I’ve been this trip. I would take fewer things seriously. I would take more chances, I would eat more ice cream and less beans.

I would, perhaps, have more actual troubles but fewer imaginary ones. You see, I’m one of those people who was sensible and sane, hour after hour, day after day.

Oh, I’ve had my moments. If I had to do it over again, I’d have more of them. In fact, I’d try to have nothing else—just moments, one after another, instead of living so many years ahead of each day.

I’ve been one of those persons who never goes anywhere without a thermometer, a hot-water bottle, a raincoat, and a parachute. If I could do it again, I would travel lighter than I have.

If I had to live my life over, I would start barefoot earlier in the spring and stay that way later in the fall. I would go to more dances, I would ride more merry-go-rounds, I would pick more daisies."

Não sei explicar-vos, mas sinto-me sempre tão bem e motivada quando ouço/leio pessoas a falarem sobre a sua experiência de vida e as lições que dela retiraram. É algo que me delicia desde sempre, poderia passar horas e horas a ouvir pessoas a contarem-me sobre as suas vivências e memórias. A compreender o que vai dentro delas, como olham para o mundo, quais as suas perceções acerca da vida. 

Essa passagem do email de ontem tocou-me especialmente. Espero que vos inspire tanto como a mim para não termos medo de viver, de arriscar a ser felizes, de perseguirmos sempre o caminho que nos parece o mais acertado, de sermos nós próprios com tudo que isso implica. 

P.S - por curiosidade, se pretenderem subscrever à newsletter do James Clear, creio que basta irem ao site dele e fazerem lá o registo. Recomendo vivamente, além de os temas explorados serem super interessantes e úteis, o James escreve tão, mas tão bem! É impossível não ficar horas a ler os diversos textos por si publicados e ainda é mais difícil não ficar a pensar neles depois. 

26
Ago21

32. Bright Side

mar

Estou a tentar organizar os meus pensamentos e, admito, sentimentos, para escrever acerca de Bright Side, de Kim Holden. Terminei este livro ontem e ainda estou meia anestesiada com a experiência desta leitura. Por onde começar? Por dizer que chorei durante duas horas? Que adormeci lavada em lágrimas? Mas que também sorri e me ri como uma tontinha?

Quero muito, mesmo muito, falar-vos deste livro e estou numa angústia enorme porque tenho receio de que nada do que eu escreva seja suficiente e se aproxime de um retrato real e fiel ao que este livro é. Ainda não comecei a escrever e já me sinto bloqueada e a sentir que cada palavra é uma facada que estou a dar a uma obra de arte como esta. Por isso, antes de avançar, quero fazer esta ressalva. Vou tentar, mas preparem-se para que as minhas palavras sejam mais pobres e confusas do que aquilo que eu gostaria que fossem.

Bright Side. O nome do livro é, por si só, o prenúncio de que vamos encontrar algo de positivo e, de facto, assim que lemos as primeiras páginas, encontramos a alma que responde por este nome e lhe dá vida: Kate Sedgwick.

Sem querer parecer exagerada, Kate é, talvez, uma das melhores personagens que já conheci. Aos meus olhos, a Kate reúne tudo aquilo que um dia eu gostaria de ser e é curioso como Kim Holden, a autora do livro, refere exatamente a mesma coisa no final: a Kate é quem quero ser quando for grande. É a grande aspiração e inspiração. Mas porquê?, perguntar-me-ão. O que a torna única e tão especial é como diz Gus, o seu melhor amigo:

“She’s the poster child for positivity. She’s a freaking ray of sunshine. She doesn’t just look on the bright side … she lives there.”

Kate é carpe diem, é o expoente da bondade e amizade, é a consciência sábia e plena de viver no lado positivo da vida, que existe sempre, por mais impossível e difícil que possa parecer em alguns momentos. E Kate sabe isso melhor do que ninguém porque a sua vida é provação atrás de provação, está constantemente a desafia-la, a todos os níveis, em várias dimensões. Kate escolhe sempre amarrar-se ao melhor:

“Today, my life is awesome.
I don’t want to think about tomorrow.
Or the day after that.
So I repeat to myself: Today, my life is awesome.

Kate é a gratidão, é capaz de ver além do óbvio e encontra sempre algo bom, sobretudo nas pessoas. Isso faz com que seja uma força motivadora para todos aqueles que estão em seu redor. Kate acredita nas pessoas, no seu potencial e dedica-se arduamente a que estes acreditem em si próprios, a que realizem os seus sonhos e abracem o presente com toda a espontaneidade que torna a vida tão incrível.

“I've always been pretty good at accepting the whole of someone, the good with the bad. I see it all, but try not to let it cloud my judgement. People are complicated. Life is complicated.”

“Don't judge each other. We all have our own shit. Keep your eyes on yours and your nose out of everyone else's unless you're invited in. And when you get the invitation, help, don't judge.”

E como é uma pessoa que parece sol, porque ilumina e aquece todos em seu redor, Kate está rodeada de pessoas incríveis como Gracie, Gus, Clayton, Shelby e, claro, Keller. À medida que ia lendo, mais e mais, só tinha vontade de também eu ser amiga de Kate. De conhecer alguém assim, tão estupidamente positivo, mas uma positividade que não é tóxica nem nefasta. É uma positividade genuína de alguém que opta por maximizar as bênçãos e minimizar as dores, nunca deixando de as sentir. Precisamente por as sentir é que Kate valoriza o que a vida tem de melhor, que são as pessoas, o por do sol, a bondade, a amizade, o amor, uma boa chávena de café, um bom livro. Não posso, nem quero, dar-vos muitos detalhes da história, mas quero que frisem que Kate está ciente de que a vida é incrível e de que podemos não estar conscientes disso e, por isso mesmo, não a aproveitamos como deveríamos.

“I’m not saying you shouldn’t pursue dreams and goals. Just don’t forsake the present for the unknowns of the future. A lot of happiness is bypassed, overlooked, postponed to a time years from now that may never come. Don’t bide your time and miss out on this moment for a tomorrow with no guarantee.”

“I would've missed out on some of the best moments of my life if I weren't spontaneous. Honestly, I try not to think about the future too much. I'm a huge fan of the present.”

O livro começa com a despedida de Kate e Gus, o seu melhor amigo, antes de Kate ir para a universidade. A relação entre ambos é muito especial, são quase uma extensão um do outro. As diversas interações entre eles são deliciosas por se basearem numa amizade pura, honesta, real, onde há genuinamente cuidado e interesse e o sentimento de desejar o melhor do mundo ao outro. Lá está, faltam-me as palavras para conseguir descrever o modo como Kate e Gus funcionam tão bem, numa dinâmica tão única e bonita.

À medida que a história se desenrola, acompanhamos a Kate nesta nova fase da sua vida e vemos tudo através dos seus olhos, o que é uma perspetiva incrível. É um par de óculos que eu gostaria de colocar e nunca mais tirar.

Surgem novas amizades, experiências, um grande amor.

“I love you more than you could possibly imagine.”
"My imagination is endless,”
“Good. So is my love.”

E há muito, muito para descobrir neste livro. Embora me tenha arruinado emocionalmente, porque é a verdade, causou uma destruição interna de dimensões inacreditáveis, ao mesmo tempo, este livro fez-me sorrir tanto. Dei por mim a rir-me sozinha, a deliciar-me com passagens tão simples, mas tão acolhedoras e bonitas.

Acima de tudo, este livro é isso mesmo: bonito. É intenso, é trágico, é lindo, é injusto, é espontâneo, é tudo aquilo que a vida também é. E a grande mensagem que a autora procurou transmitir resume-se em três simples palavras:

“You are brave.”

Todos nós, sem exceção, já vivemos períodos duros e difíceis. Já nos confrontamos com o sofrimento, com a perda, com a dor, com a impotência, com a fragilidade, com a sensação de desnorte, de confusão, de algo ser demasiado para aquelas que são as nossas capacidades. Mas todos nós também, sem exceção, somos capazes de nos transformar, de rescrever a nossa narrativa, de reconstruir os problemas em soluções, de nos adaptar, de crescer e fazer magia com a matéria prima que a vida nos dá.

“Just when you think you know someone, they change. Or you change. Or maybe you both change. And that changes everything.

Ainda estou a digerir tudo aquilo que este livro simbolizou para mim. E é engraçado que o meu namorado e amigas minhas dizem-me: mas porquê que lês coisas assim, que te fazem chorar? É precisamente por me fazerem sentir, por me fazerem embarcar em viagens interiores e reflexões que livros como Bright Side conquistam um lugar privilegiado no meu coração. Sabemos que um livro é bom quando nos arrebata, quando nos vira do avesso e nos faz confrontar com tantas emoções e pensamentos.

Acho que não consigo escrever mais sem entrar em detalhes que poderão estragar a vossa experiência de ler este livro. Kate é uma personagem que vai ficar comigo por muito tempo, que me inspira, que me faz querer ser melhor, que me ensinou muito. Podem achar-me doida, mas há personagens que me ficam cravadas na alma e se isso não é a coisa mais extraordinária de ler, então não sei o que será.

“Reading is an escape from the outside world. Everyone needs a little of that to keep their sanity.”

Espero mesmo que leiam este livro e, se o fizerem, por favor partilhem comigo como foi a vossa experiência. Quanto a mim, acabei de o comprar para ter na minha biblioteca e vou seguir para o segundo livro da coleção: Gus. Sem nunca esquecer:

“Gus, it always gets better.”

 

25
Ago21

31. um chá: edição falecidos

mar

Após o chá das cinco dos vivos, apresento-vos agora a lista do chá com a eternidade, as escolhas daqueles que infelizmente já cá não estão, na edição dos falecidos. 

A primeira escolha é para os geeks, nerds, o que quiserem chamar, da malta da área da psicologia. E não, não estou a falar de Freud. Honestamente, acho que até teria algum receio de tomar chá com o caríssimo Sigmund, pois provavelmente estaria o tempo todo a analisar os meus atos falhados que, infelizmente, não são poucos. Refiro-me a Michael Mahoney, para mim um dos melhores psicoterapeutas da história. A obra constructive psychotherapy é um dos livros da minha vida e já perdi a conta ao número de vezes que a li e reli. Mahoney inspira-me não só como profissional, mas como pessoa. Há uma esperança e motivação que trespassam das suas palavras para a vida real que me fazem querer sempre ser mais e melhor. Algo que me causa estranheza quando penso na forma como deixou este mundo. Tenho a certeza que uma tarde passada a conversar com Mahoney seria como ganhar o euromilhões. 

Depois, não há como não escolher Martin Luther King Jr.. Desde que me lembro de ser uma pessoa pensante sempre me senti, simultaneamente, fascinada e aterrorizada pela segregação racista. Aterrorizada por aquilo que somos capazes de fazer uns aos outros, sem qualquer remorso ou peso na consciência, muitas vezes até crentes de que estamos certos e somos seres de valor moral superior. Ao mesmo tempo, fascinada pelo modo como, sem violência, os negros foram capazes de lutar pelos seus direitos e transmitiram a sua mensagem. É preciso ser-se muito nobre, grande, gigante para não recorrer às mesmas armas e optar pelo caminho da paz e amor perante o ódio e a violência. Adoraria conversar com Martin Luther King Jr. e ouvi-lo falar da sua jornada, dos seus valores e ideais. Claro que existem muitos outros como Nelson Mandela, por exemplo, mas não posso fazer mais batota, por isso opto por aquele que é a figura que, desde pequena, me inspira no que diz respeito à tolerância e a não fazer aos outros aquilo que não gostamos que nos façam a nós. 

De seguida, duas mulheres da área da música que o mundo perdeu cedo demais e que tinham tanto de talento como de insegurança. É impressionante como podemos ser tão bons, mas se não acreditarmos nisso, nunca nos sentimos dessa forma, por mais que os outros nos veja desse modo. Falo de Janis Joplin e Amy Winehouse. São de duas gerações completamente diferentes, mas sempre as achei tão parecidas no que diz respeito à sua psique. Depois de ver o documentário Little Girl Blue e o Amy (ambos vivamente recomendados) só senti vontade de as abraçar e dizer "meninas, vocês são incríveis, não deixem que ninguém vos convença do contrário e vos faça sentir que são menos do que isso!". Por isso, eu adorava ter a oportunidade de me juntar com estas duas mulheres que tanto admiro e poder dizer-lhes abertamente o quão épicas e inesquecíveis são. Depois pedia para cantarem para mim claro: a Janis podia cantar-me a Maybe e a Little Girl Blue e a Amy poderia cantar a You Sent Me Flying e a Help Yourself. Agora que penso, quão incrível seria estas duas se conhecerem? 

Ainda no universo musical, tenho mesmo de convocar o Jim Morrison para um chá. Para mim, as letras dos The Doors são poesia pura e eu adoraria conversar sobre isso com Jim. Adoraria ter a oportunidade de o conhecer, ele que foi uma figura tão carismática e única, embora ao mesmo tempo tão insegura, ao ponto de precisar de cantar de costas para não encarar o público. Seria uma tarde inesquecível, não tenho dúvidas.

Como convidados especiais, duas pessoas inspiradoras. A primeira, mais um nome da psicologia, o enorme Carl Rogers. Tornar-se pessoa é mais um dos livros que me marcou e transformou radicalmente a minha forma de estar na vida. A ideia de que estamos em constante processo de mudança, que estamos constantemente a tornar-nos, libertou-me de muitas crenças nada positivas. Rogers é luz, é esperança, é conforto, é aceitação, é acreditar que podemos tudo. Por algum motivo foi o criador da corrente humanista, aquela que vê o outro como ele é, que o aceita, que o acolhe e acredita profundamente no seu potencial.

A segunda, Tao Porchon-Lynch, a mais antiga professora de yoga, que faleceu recentemente, em 2020, mas que deixou um legado inspirador. Uma mulher pequenina e franzina que irradiava boa energia, sempre em movimento, confiante em si e na vida, que acordava todos os dias e dizia a si mesma "hoje vai ser o melhor dia da minha vida!". Como não querer estar na companhia de alguém assim? Acredito que uma tarde com Tao seria o equivalente a rejuvenescer muitos anos de vida.

25
Ago21

30. ódio semanal

mar

Sou só eu que abomino quartas-feiras? Ironicamente, nasci numa quarta-feira, mas não considero que seja, de todo, o meu dia da semana. Pelo contrário, é o dia que mais me custa, sinto-me encurralada entre os dois dias que já passaram e os dois que ainda faltam passar. 

É o dia do esforço mínimo. Olho-me ao espelho e pelo que vejo sei que não preciso de ir ao calendário confirmar que dia é. Por norma, é o dia em que invisto menos em arranjar-me. Visto sempre algo confortável, mas pouco elaborado e sofrido, poucos ou nenhuns acessórios e quase sempre cabelo preso. 

É o dia em que conto ainda mais os minutos para que a jornada de trabalho termine. Por exemplo, acabei de olhar para o relógio e percebi que ainda nem são 15h, o que é uma tristeza enorme, porque significa que faltam mais de 3h para ir embora. 

Enfim, há que aguentar! 

25
Ago21

29. um chá: edição vivos

mar

Um amigo meu criou uma espécie de lista mental das cinco pessoas do mundo inteiro com quem adoraria tomar um café e conversar acerca da vida. Quando me contou acerca desta lista e me explicou as suas opções, fiquei de imediato a refletir sobre quem seriam as pessoas que constariam na minha lista. De acordo com o meu amigo, só podem ser incluídas pessoas vivas, mas após muita reflexão e muitos nomes depois, cheguei a duas listas: a edição dos vivos e a edição dos falecidos.

Hoje vou partilhar com vocês a primeira e admito, desde já, que não fui capaz de me ficar apenas por 5 pessoas, por isso incluí, em ambas, dois convidados especiais. E além desta batotice, ainda alterei a bebida, porque odeio café, por isso, teria de ser um bom chá! 

Então, a primeira pessoa que me passou pela cabeça foi a Colleen Hoover. Já escrevi acerca do quanto a admiro, não apenas como escritora, mas como pessoa. Acho que tomar um café com a Colleen ia ser uma das experiências mais divertidas da minha vida. Se a seguirem nas redes sociais, conseguem facilmente perceber como ela é incrível.

A minha segunda pessoa seria a Esther Perel. Também já a referi num ou outro texto por aqui e não é à toa. A Esther Perel é uma das minhas maiores referências, não apenas na área da psicologia (mais concretamente na área conjugal). É uma mulher super interessante e segura de si, as suas palestras deixam-me sempre rendida não só pela informação que partilha, mas pela confiança com que o faz. Admiro-a imenso e ao seu trabalho, por isso, consigo imaginar-me a passar horas a conversar com ela. 

Ainda na secção das mulheres, a Sarah Blondin tem um lugar obrigatório nesta lista. Acompanho o trabalho da Sarah através da aplicação Insight Timer e as suas meditações são algo para o qual creio ainda não existirem as palavras certas para definir. São mais do que uma paz imediata; são poesia pura. A alma da Sarah está espelhada no modo como escreve e nos guia nas suas meditações e é uma alma boa, cheia de luz e serenidade. Sempre que me sinto menos bem, as suas palavras confortam-me e adoraria conhecê-la melhor, a sua história e percurso.  

 

Não posso não referir aquele que é não apenas um dos meus escritores favoritos de todo o sempre, mas também uma das minhas maiores inspirações e referências na área da psicoterapia. Sim, falo do grande, gigante, enorme Irvin Yalom. Daria tudo para ter a oportunidade de o conhecer e lhe dizer, pessoalmente, o quanto me inspirou ao longo do meu percurso, não só como estudante, mas essencialmente como pessoa. Consigo reler e reler os seus livros, sem nunca me cansar. O Yalom não é apenas um psicoterapeuta extraordinário como também é um contador de histórias maravilhoso e ler sobre os seus casos clínicos é a certeza de que o paraíso existe e muitas vezes é um lugar aqui na terra. 

 

A minha próxima referência poderá ser considerada batotice, mas não é possível escolher apenas um deles porque eles, para mim, sempre funcionaram como um organismo único, em que é a existência das diferentes partes que forma um todo espetacular. Refiro-me ao cast de friends. Sentados no icónico sofá laranja do Central Perk, sei que me divertiria muito a tomar café com o Ross, o Chandler, o Joey, a Phoebe, a Monica e a Rachel. Estas seis personagens fazem parte da minha vida há muito tempo e por mais louco que isto possa parecer, ao fim de tantas temporadas vistas e revistas vezes sem conta, sinto-os como amigos. Por isso, a sua presença nesta lista é imperativa.

Chegamos ao apêndice inventado por mim, onde selecionei mais duas pessoas como convidados especiais. Preparem-se que os dois não têm nada a ver um com o outro, aliás, não poderiam ser mais opostos.

O primeiro convidado especial seria o lendário e poderoso Axl Rose. Todos temos uma banda que marca a nossa adolescência e, em alguns casos, a nossa vida toda. A minha são os Guns and Roses. Sei que o Axl não é uma figura consensual e é mais facilmente odiado do que adorado. Para mim, no entanto, o Axl é um génio naquilo que faz e sei que muito da sua forma de estar na vida se deve ao muito que já viveu. Adoraria conhecê-lo melhor e confirmar que, por trás daquela magnitude de rock star, está alguém profundamente sensível e especial. Porque só alguém assim escreve músicas como a Estranged ou a November Rain.

(eu sei que atualmente o Axl tem 59 anos e em nada se assemelha ao Axl dos anos 80, mas vamos ficar antes com esta recordação visual)

E, por último, uma pessoa muitíssimo especial: Dalai Lama. Tenho um fascínio enorme no que diz respeito ao budismo e o Dalai Lama é uma pessoa que nunca me pareceu real, tal é a serenidade que o envolve. É como se o homem estivesse rodeado por uma bolha invisível de paz e sapiência, impermeável a qualquer mal. Adoraria ouvi-lo, estar na sua presença e ser invadida pela sua tranquilidade. 

Ainda partilharei uma outra lista, a edição dos falecidos, porque há tanta gente boa que já cá não está e que adoraria ter a oportunidade de conhecer. 

E vocês? Com quem gostariam de tomar um café/chá e passar uma boa tarde a conversar? Quem vos inspira? 

24
Ago21

27. confessions of a ghost

mar

Gostava de compreender o porquê de fazer tanta confusão às pessoas existirem pessoas com tom de pele branquinho. A sério, podem ajudar-me a perceber este fenómeno que tende a manifestar-se nos meses de verão? 

No meu caso, sou um copinho de leite ambulante, um fantasminha. A minha pele é muito sensível, chegando a fazer alergia quando exposta demasiado tempo ao sol, mesmo com a devida proteção. Como poderão imaginar, com estas condicionantes, o que mais evito é ficar com escaldões ou alergias. Tenho amor próprio suficiente para me resguardar, só apanhar sol nos horários mais suaves e proteger-me sempre com FP 50+. 

E convivo muito bem com a minha brancura. É como sou, a minha pele é delicada, não há nada a fazer a não ser cuidar dela e preserva-la para não ter complicações maiores. No entanto, esta aceitação parece não se alargar às pessoas que me rodeiam. Sei que, provavelmente, não fazem por mal, mas têm sempre a necessidade de comentar "então, foste de férias e ainda assim estás branquinha?" ou "meu deus, estás mesmo branca!". Costumo rir-me e responder que a minha branquidão não é mutável, não é um estado temporário. Não estou branca, sou branca! 

Eu também gosto de ver as pessoas morenas, acho que ficam lindas e o moreno esconde muitas imperfeições, além de que quase todas as cores assentam bem numa pele morena. Mas se essa condição não está ao meu alcance, porque não aceitar? Porquê a necessidade de comentar? Para mim, é um assunto pacífico, mas acredito que existirão pessoas que se sintam ofendidas ou conscienciosas perante esse tipo de comentários. Além de que, por norma, quando se fazem esses reparos, provavelmente as pessoas não pensam que a outra pessoa poderá ter algum problema de saúde que a impeça de estar exposta ao sol ou, simplesmente, não gosta de o fazer!

No meu caso, gosto muito de praia, mas como tenho de ter tantos cuidados, acabo por preferir fazer uma boa caminhada à beira-mar do que estar deitada na toalha a esturricar. Mas tenho amigos que não suportam praia nem a ideia de estar deitados ao sol o dia inteiro. Outros, por exemplo, com apenas uma tarde de sol ficam praticamente pretos. Somos todos diferentes e ainda bem que assim o é!

Por isso, por favor, deixem os branquinhos em paz, que nós não implicamos com o vosso moreno incrível! 

Pág. 1/3

Mais sobre mim

foto do autor

Arquivo

    1. 2021
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D

Pesquisar

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Em destaque no SAPO Blogs
pub