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just keep swimming

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20
Ago21

23. others

mar

Hoje, enquanto consolava um grande amigo naquela que é uma das maiores tristezas da vida, dei comigo a pensar no perigo que é, por vezes, vivermos para os outros. E este pensamento foi muito estranho porque eu sou tendenciosamente uma pessoa mais voltada para os outros do que para mim mesma. Sou mais de dar do que de receber, de cuidar do que ser cuidada. Por isso, é-me natural o papel de agradar os outros e colocar as suas necessidades acima das minhas, é fácil perder-me neste exercício de dar mais, às vezes tudo, aos outros do que a mim mesma.  

Mas por algum motivo hoje pareceu-me perigoso viver desta forma. Porque nos pode custar a nossa saúde, a nossa sanidade, o nosso sentido, a nossa identidade. Pode esgotar-nos, pode nunca ser suficiente e ficar somente um enorme vazio. 

Não me interpretem mal. Devem existir poucas alegrias tão simples e enriquecedoras como ajudar alguém, seja de que forma for. Não proponho que temos de ser todos uns egoístas e egocêntricos, apenas centrados no nosso umbigo e nas nossas vontades. O que reflito é no equilíbrio, por vezes difícil de alcançar, que é necessário entre os outros e nós mesmos. Nas fronteiras. Nos limites. Nos momentos em que nos priorizamos, em que cuidamos de nós, em que percebemos que não podemos colocar tudo e todos à nossa frente. 

O meu namorado diz-me muitas vezes que devemos sempre ser a pessoa mais importante da nossa vida. Depois de mim podem vir todas as outras pessoas, mas que eu preciso de estar em primeiro lugar. E se de princípio me parecia uma forma de estar na vida um pouco ou tanto egoísta, hoje compreendo na perfeição o que ele me tenta dizer. Não se trata de os outros não serem importantes e não nos preocuparmos com eles. Trata-se de nos colocarmos numa posição em que somos, pelo menos, igualmente importantes e que nos respeitamos e levamos a sério como levamos as necessidades dos outros. É saber quando dizer não, quando não fazer fretes, quando não esticar a corda mais do que aquilo que ela pode aguentar. 

Porque quando vivemos só para os outros ... não sei. Não é não que seja digno, que não seja de louvar, porque é. Mas corremos o risco de ficarmos sozinhos, com uma enorme sensação de vazio, de fracasso, de impotência, de nada. Um nada que se torna tão difícil de preencher quando nos habituamos a alimentar apenas e somente dos outros.

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