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just keep swimming

just keep swimming

06
Ago21

13. estranged

mar

Às vezes, sinto-me anestesiada. Estou constantemente à espera do momento em que tornarei a ser eu mesma ou, pelo menos, quem costumava ser. Estou à espera de voltar a sentir tudo como antes, de me entregar de corpo e alma às emoções e não ter medo de as sentir. Hoje fujo delas, sobretudo das fortes e intensas. Antes não era assim. Não tinha medo de sentir, por mais desconfortável que fosse a situação, ali estava eu, recetiva e presente. Mas hoje sinto-me inquieta, incapaz e indefesa. 

Estou à espera de voltar a mim, mas, por vezes, questiono-me se alguma vez voltarei a encontrar essa pessoa. Será que tornarei a encontrar-me ou será que sou uma pessoa diferente? Será que continuo à procura e à espera de alguém que já não existe? Ou será que estou simplesmente adormecida, ainda a digerir tudo que tem acontecido, e que irei despertar a qualquer momento?

Estou a ler o "Tudo o que nunca fomos" de Alice Kellen e encontro tantas semelhanças entre mim e Leah, a protagonista. Não na situação em si, mas na forma como reagimos. A fuga à dor, o bloqueio de qualquer emoção, seja positiva ou negativa, a sensação de que há coisas que são demasiado difíceis, quase impossíveis, de serem digeridas. Mas tenho aprendido com Leah e o fascinante da leitura é mesmo este modo como as personagens nos acompanham muito além das páginas dos livros. Ficam connosco por muito tempo, surgem no pensamento a meio do dia e as suas experiências iluminam as nossas. A Leah tem me ensinado a sentir, a estar presente para as minhas emoções e dar-lhes espaço e tempo. A dor faz parte da experiência de viver e a Leah tem vindo a concluir, tal como eu, que não podemos usufruir da felicidade se não passarmos pelos escombros da dor.

Ainda assim, perco-me muitas vezes a pensar sobre o paradeiro da minha antiga pessoa. Tenho saudades minhas. Gosto muito da pessoa que sou, mesmo que, por vezes, me pareça uma estranha e não uma fiel amiga. Mas gosto de mim e tenho orgulho no modo como tenho conseguido levar o meu barco além de todas as tempestades e tormentas. No entanto, não consigo evitar sentir saudades daquela miúda leve, aberta, recetiva a tudo, que sentia e sabia que podia conquistar o mundo. Hoje carrego mais peso, as responsabilidades multiplicaram, herdei muitas coisas que não desejei. E se é bom saber que sou capaz de aguentar mais e com mais facilidade, também é muito bom ser leve e fluir com a vida, sem ter de estar a pensar em tudo a toda a hora. 

03
Ago21

11. Colleen Hoover

mar

A Colleen Hoover é a minha paixão literária. Existem muitos outros escritores que leio apaixonadamente, mas com a Colleen é uma relação especial, em que não há nada que esta não escreva que eu não tenha a urgência de ler de imediato. Exemplo disso é o o facto de ter anunciado a data do lançamento do seu novo livro (Reminders of Him) e eu já estar em sofrimento até ser dia 18 de janeiro de 2022. Em sofrimento e tentada a comprar o livro em pré-venda para assegurar que assim que for publicado, eu o terei nas minhas mãos. 

O nome deste blog deve-se a Colleen, mais concretamente, ao seu livro It Ends with Us. Que, by the way, aconselho e recomendo com todas as células do meu corpo. Neste livro, as personagens principais partilham este lema de vida - just keep swimming - e eu, com base naquilo que vivi nestes 27 anos de vida, juntei-me ao clube e fiz deste lema o meu também. Pareceu-me o nome perfeito para um espaço onde pretendo depositar todos meus pensamentos e ideias. 

Os livros da Colleen (sim, eu até me refiro a ela apenas pelo primeiro nome como se tivessemos uma relação de amizade) não são apenas imensamente bem escritos. São envolventes desde a primeira palavra e surpreendentes até à última. Apaixonamo-nos pelas personagens, torcemos por elas e sofremos com elas. Quando o livro termina, segue-se uma sensação de vazio e um desejo de mais, de querer prolongar aquela história e saber um pouco mais daquelas pessoas, que são mera fantasia, mas parecem tão reais e próximas. 

E, depois, a escritora em si. A pessoa por detrás da obra. Quem segue as suas publicações no Instagram ou Facebook, rapidamente se apercebe de que Colleen é hilariante, tem um sentido de humor para além de espetacular e a relação com a família é adorável e admirável. Humilde, despretensiosa, acho a Colleen uma pessoa super positiva e grata, que se dedica a fazer o que mais gosta - escrever - e sabe a sorte que tem por ter a oportunidade de o fazer. Não me esqueço de uma expressão sua, que ecoa muitas vezes na minha mente quando dou por mim a perder-me em discursos de queixume: a Colleen descreve-se como a pessoa que não vê o copo meio vazio, nem meio cheio, mas como a pessoa que simplesmente fica feliz por ter um copo

Não há nada que escreva, que não seja brilhante ou bem feito. O seu estilo primordial é o romance, mas já escreveu géneros como paranormal (Layla) e thriller (Verity) e arrasou. Sei que estou a ter o meu momento fan girl, mas se há coisa que me dá gosto partilhar são livros e escritores. Inúmeras vezes descubro autores novos e livros incríveis por mero acaso em blogues, no GoodReads, e fico muito feliz se alguém passar por aqui, ficar curioso, for descobrir a vasta obra da Colleen Hoover e se deliciar. É serviço público! :)

31
Jul21

7. confessions

mar

Confesso que gosto muito de ler literatura erótica. Não me refiro única e exclusivamente a conteúdo BDSM, até porque, para ser honesta, nunca li nenhum livro que se foque neste tipo de prática. Mas sei que a maioria das pessoas tende a associar livros eróticos ao 50 shades of grey, quando, na verdade, existe todo um mundo de livros e temáticas que vão muito além dos livros da E.L. James.

O que mais gosto neste tipo de leitura é que permite elevar o romance a um outro nível, que tende a faltar nos romances típicos. Leva-nos à componente da sexualidade, da atração, do desejo, do carnal e intenso, ultrapassando o romance platónico, que gosto, mas, muitas vezes, não acho credível. Gosto de ler um romance que me arrebata, em que os protagonistas se amam, desejam e se entregam um ao outro sem reservas e pudores. Para mim a sexualidade exige vulnerabilidade, no sentido em que permitimos que o outro aceda não só ao nosso corpo, mas aos nossos desejos e fantasias, sem receio do que poderá achar, apenas confiando e entregando. Na literatura erótica, pelo menos na que leio, o sexo não é só sexo, é uma extensão do amor, é um ponto de encontro, é a expressão de confiança absoluta. Mas mesmo quando o sexo é apenas e somente sexo não se torna menos interessante, porque a sexualidade faz parte da vida e vive-la é saudável.

É certo que os romances eróticos estão cheios e carregados de fantasia, isto é, existe muita romantização e descrições irrealistas, mas que, simultaneamente, tornam os casais mais credíveis. Gosto de saber que um romance pode conter algum conteúdo erótico, mas, por vezes, creio que não faz muito sentido separar literatura romântica da literatura erótica, porque quase sempre um livro erótico tem por base o romance, uma história de amor de duas pessoas que se cruzam, conhecem e acabam por se apaixonar. 

Admito que sinto alguma vergonha em partilhar que gosto deste tipo de leitura e, embora não leia em segredo, também não comento com ninguém as minhas reviews literárias deste tipo de contéudo. Mas, quando paro para pensar no porquê desta vergonha, vejo que não faz sentido. A psicoterapeuta e terapeuta conjugal Esther Perel considera que o erotismo é uma prática de autocuidado e autoconhecimento, algo com o qual concordo a 100%. Quando leio um livro mais "picante" (odeio este termo, mas é o que temos), dou por mim a fantasiar, a desligar-me por completo o mundo à minha volta, a imaginar como seria viver aquela experiência. Não há nada mais saudável do que nos conhecermos e descobrirmos as nossas fantasias e desejos. Afinal, picante é um dos ingredientes que dá sabor à vida!

29
Jul21

2. Confissões de uma leitora

mar

Sou a única pessoa que quando está a ler um romance e começa a pressentir que a história vai sofrer uma reviravolta amarga para os protagonistas, procrastina a continuação da leitura? Por favor, digam-me que não estou sozinha neste fenómeno.

O que me acontece é que me apego de tal modo às personagens que zelo por elas, torço convictamente pelo seu final felizes para sempre, quero protege-las de todos os males possíveis. Quando percebo que isso está comprometido, sofro. Pego no livro a medo, respiro fundo para enfrentar os tenebrosos capítulos que se seguem. É ridículo, eu sei, mas trata-se de uma condição física real, que me faz viver cada emoção como se a história fosse minha. Sinto um conjunto de sensações desde borboletas na barriga, pontadas, taquicardia, nervoso miúdo e graúdo, choro compulsivo, adrenalina, raiva, é só escolher!
Mas a verdade é que quando isto me acontece, sei que estou perante um bom livro e mais do que o ler, estou a vive-lo!