Encontrei uma pasta na minha google drive com todas as fotografias dos tempos da escola básica e secundário. Provavelmente deverei ter criado esta pasta como um backup e nunca mais me lembrei dela, até esta semana ter tropeçado nela e me ter deliciado a rever verdadeiros tesourinhos e reviver momentos que fazem parte dos melhores anos da minha vida.
É tão giro ver estas fotos e comparar aquela fase da minha vida com a atual. O grupo de amigos manteve-se, apesar de algumas entradas e saídas, somos o mesmo núcleo duro. Fomos para a universidade, formamo-nos, uns regressaram à terrinha, outros aventuraram-se noutras cidades e há quem, ainda, se tenha aventurado pelo mundo. Uns já casaram, outros vão casar, uns vivem com os pais, outros já vivem com os/as namorados/as. Uns ainda estão à procura de trabalho, outros estão a construir uma carreira sólida e outros, ainda, mudaram de rumo e estão a começar tudo do zero. Mudamos de estilo, de rosto e corpo, de corte de cabelo e penteado, mas mantemos todos a nossa essência. Estamos mais crescidos, mais adultos, mas continuamos a ser uns idiotas felizes quando estamos todos juntos, sempre a gozar uns com os outros e a fazer parvoíces.
Ao ver estas fotos é inevitável refletir como o tempo passa tão depressa e como, neste processo, vamos ganhando tanta densidade. Quando me vejo aos 17 anos, encontro tanta descontração e leveza, quem me dera voltar, nem que por meros segundos, a essa sensação de que o mundo está todo por descobrir e eu não carrego peso nenhum em cima dos ombros. Não levava nada na bagagem a não ser sonhos, fantasias e desejos.
Hoje, dez anos depois, sinto que me tornei demasiado séria, controlada e controladora. Há pouco espaço para a espontaneidade, tudo tem de ser encaixado num horário, numa agenda. Tudo tem de ser pensado e calculado, o tempo já não é inteiramente meu. Há demasiada pressa e urgência em tudo, estou sempre a correr em contra relógio, canso-me mais facilmente e aproveito muito menos.
É certo que adquirimos experiência e sabedoria. E que o tempo tem de seguir e poder seguir com ele é uma bênção, sempre, a cada dia, todos os dias. Mas não posso negar: fiquei com saudades destes tempos leves e livres, em que passávamos os dias todos juntos, sempre a rir, sempre descontraídos. Levávamos a sério o que era estritamente necessário e, tudo o resto, fluía.
Por vezes, perto de minha casa, vejo um grupo de miúdos a andar de bicicleta, a rirem-se, a mandarem piadas uns aos outros, morenos de passarem o dia todo na praia, e não consigo não sorrir. Estão a aproveitar uma das melhores fases da vida e isso é maravilhoso. E ao vê-los só consigo pensar que preciso de deixar a vida fluir mais e me deixar levar ao seu sabor, ao seu ritmo.
Aproveitar mais as pessoas, a natureza, parar para ver o nascer e o pôr do sol, ouvir as ondas do mar, os pássaros. Comer com calma e saborear cada dentada; ouvir música com coração e alma; conversar e rir com toda a energia.
Na minha secretária tenho um post-it, colado no computador, que diz "The purpose of life is to enjoy every moment", para me relembrar da importância de viver todos os momentos. De estar presente. De estar aqui, aberta à experiência e aproveitar, desfrutar, saborear a delícia que é a vida.