Estou a tentar organizar os meus pensamentos e, admito, sentimentos, para escrever acerca de Bright Side, de Kim Holden. Terminei este livro ontem e ainda estou meia anestesiada com a experiência desta leitura. Por onde começar? Por dizer que chorei durante duas horas? Que adormeci lavada em lágrimas? Mas que também sorri e me ri como uma tontinha?
Quero muito, mesmo muito, falar-vos deste livro e estou numa angústia enorme porque tenho receio de que nada do que eu escreva seja suficiente e se aproxime de um retrato real e fiel ao que este livro é. Ainda não comecei a escrever e já me sinto bloqueada e a sentir que cada palavra é uma facada que estou a dar a uma obra de arte como esta. Por isso, antes de avançar, quero fazer esta ressalva. Vou tentar, mas preparem-se para que as minhas palavras sejam mais pobres e confusas do que aquilo que eu gostaria que fossem.
Bright Side. O nome do livro é, por si só, o prenúncio de que vamos encontrar algo de positivo e, de facto, assim que lemos as primeiras páginas, encontramos a alma que responde por este nome e lhe dá vida: Kate Sedgwick.
Sem querer parecer exagerada, Kate é, talvez, uma das melhores personagens que já conheci. Aos meus olhos, a Kate reúne tudo aquilo que um dia eu gostaria de ser e é curioso como Kim Holden, a autora do livro, refere exatamente a mesma coisa no final: a Kate é quem quero ser quando for grande. É a grande aspiração e inspiração. Mas porquê?, perguntar-me-ão. O que a torna única e tão especial é como diz Gus, o seu melhor amigo:
“She’s the poster child for positivity. She’s a freaking ray of sunshine. She doesn’t just look on the bright side … she lives there.”
Kate é carpe diem, é o expoente da bondade e amizade, é a consciência sábia e plena de viver no lado positivo da vida, que existe sempre, por mais impossível e difícil que possa parecer em alguns momentos. E Kate sabe isso melhor do que ninguém porque a sua vida é provação atrás de provação, está constantemente a desafia-la, a todos os níveis, em várias dimensões. Kate escolhe sempre amarrar-se ao melhor:
“Today, my life is awesome.
I don’t want to think about tomorrow.
Or the day after that.
So I repeat to myself: Today, my life is awesome.”
Kate é a gratidão, é capaz de ver além do óbvio e encontra sempre algo bom, sobretudo nas pessoas. Isso faz com que seja uma força motivadora para todos aqueles que estão em seu redor. Kate acredita nas pessoas, no seu potencial e dedica-se arduamente a que estes acreditem em si próprios, a que realizem os seus sonhos e abracem o presente com toda a espontaneidade que torna a vida tão incrível.
“I've always been pretty good at accepting the whole of someone, the good with the bad. I see it all, but try not to let it cloud my judgement. People are complicated. Life is complicated.”
“Don't judge each other. We all have our own shit. Keep your eyes on yours and your nose out of everyone else's unless you're invited in. And when you get the invitation, help, don't judge.”
E como é uma pessoa que parece sol, porque ilumina e aquece todos em seu redor, Kate está rodeada de pessoas incríveis como Gracie, Gus, Clayton, Shelby e, claro, Keller. À medida que ia lendo, mais e mais, só tinha vontade de também eu ser amiga de Kate. De conhecer alguém assim, tão estupidamente positivo, mas uma positividade que não é tóxica nem nefasta. É uma positividade genuína de alguém que opta por maximizar as bênçãos e minimizar as dores, nunca deixando de as sentir. Precisamente por as sentir é que Kate valoriza o que a vida tem de melhor, que são as pessoas, o por do sol, a bondade, a amizade, o amor, uma boa chávena de café, um bom livro. Não posso, nem quero, dar-vos muitos detalhes da história, mas quero que frisem que Kate está ciente de que a vida é incrível e de que podemos não estar conscientes disso e, por isso mesmo, não a aproveitamos como deveríamos.
“I’m not saying you shouldn’t pursue dreams and goals. Just don’t forsake the present for the unknowns of the future. A lot of happiness is bypassed, overlooked, postponed to a time years from now that may never come. Don’t bide your time and miss out on this moment for a tomorrow with no guarantee.”
“I would've missed out on some of the best moments of my life if I weren't spontaneous. Honestly, I try not to think about the future too much. I'm a huge fan of the present.”
O livro começa com a despedida de Kate e Gus, o seu melhor amigo, antes de Kate ir para a universidade. A relação entre ambos é muito especial, são quase uma extensão um do outro. As diversas interações entre eles são deliciosas por se basearem numa amizade pura, honesta, real, onde há genuinamente cuidado e interesse e o sentimento de desejar o melhor do mundo ao outro. Lá está, faltam-me as palavras para conseguir descrever o modo como Kate e Gus funcionam tão bem, numa dinâmica tão única e bonita.
À medida que a história se desenrola, acompanhamos a Kate nesta nova fase da sua vida e vemos tudo através dos seus olhos, o que é uma perspetiva incrível. É um par de óculos que eu gostaria de colocar e nunca mais tirar.
Surgem novas amizades, experiências, um grande amor.
“I love you more than you could possibly imagine.”
"My imagination is endless,”
“Good. So is my love.”
E há muito, muito para descobrir neste livro. Embora me tenha arruinado emocionalmente, porque é a verdade, causou uma destruição interna de dimensões inacreditáveis, ao mesmo tempo, este livro fez-me sorrir tanto. Dei por mim a rir-me sozinha, a deliciar-me com passagens tão simples, mas tão acolhedoras e bonitas.
Acima de tudo, este livro é isso mesmo: bonito. É intenso, é trágico, é lindo, é injusto, é espontâneo, é tudo aquilo que a vida também é. E a grande mensagem que a autora procurou transmitir resume-se em três simples palavras:
“You are brave.”
Todos nós, sem exceção, já vivemos períodos duros e difíceis. Já nos confrontamos com o sofrimento, com a perda, com a dor, com a impotência, com a fragilidade, com a sensação de desnorte, de confusão, de algo ser demasiado para aquelas que são as nossas capacidades. Mas todos nós também, sem exceção, somos capazes de nos transformar, de rescrever a nossa narrativa, de reconstruir os problemas em soluções, de nos adaptar, de crescer e fazer magia com a matéria prima que a vida nos dá.
“Just when you think you know someone, they change. Or you change. Or maybe you both change. And that changes everything.”
Ainda estou a digerir tudo aquilo que este livro simbolizou para mim. E é engraçado que o meu namorado e amigas minhas dizem-me: mas porquê que lês coisas assim, que te fazem chorar? É precisamente por me fazerem sentir, por me fazerem embarcar em viagens interiores e reflexões que livros como Bright Side conquistam um lugar privilegiado no meu coração. Sabemos que um livro é bom quando nos arrebata, quando nos vira do avesso e nos faz confrontar com tantas emoções e pensamentos.
Acho que não consigo escrever mais sem entrar em detalhes que poderão estragar a vossa experiência de ler este livro. Kate é uma personagem que vai ficar comigo por muito tempo, que me inspira, que me faz querer ser melhor, que me ensinou muito. Podem achar-me doida, mas há personagens que me ficam cravadas na alma e se isso não é a coisa mais extraordinária de ler, então não sei o que será.
“Reading is an escape from the outside world. Everyone needs a little of that to keep their sanity.”
Espero mesmo que leiam este livro e, se o fizerem, por favor partilhem comigo como foi a vossa experiência. Quanto a mim, acabei de o comprar para ter na minha biblioteca e vou seguir para o segundo livro da coleção: Gus. Sem nunca esquecer:
“Gus, it always gets better.”
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