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just keep swimming

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24
Set21

50. Tudo o que somos juntos

mar

“Havia alguma coisa que me ligava a ela. Acho que é essa a magia da literatura, da música, da pintura, de qualquer modo de expressão artística: encontrarmo-nos a nós próprios naquilo que outra pessoa criou.”

O Tudo o que Somos Juntos demorou a chegar, mas valeu a pena cada minuto de espera. Ainda não me tinha pronunciado sobre o fim da história de Axel e Leah, porque, honestamente, não consigo reunir as palavras certas nem as suficientes de modo a dignificar o quão incrível esta experiência foi e significou para mim.

O primeiro livro foi bom, muito bom, mas este conseguiu ser mil vezes melhor. O salto gigante que as personagens de Axel e Leah deram, os encontros e desencontros que a sua relação sofreu e o modo, mais uma vez, como a cor, a música, os cheiros, enfim, todos os estímulos possíveis, abraçam as palavras e chegam até nós, leitores, como se aquilo que estamos a ler não são apenas letras compiladas umas nas outras, mas sim uma outra experiência, maior, mais intensa, mais profunda, mais tudo. Eu sinto que este livro é arte, transpira arte por todo o lado. E é mágico. E profundamente bonito. E sensível, delicado, arrebatador. E inspirador. 

“Supongo que no todas las historias son una línea recta, algunas están llenas de curvas y a veces no sabes qué vas a encontrar cuando tomas cada giro. Hay tramos más difíciles, esos en los que cuesta caminar, cuando te rompes y debes llevar la carga de los pedazos en las manos. Pero todo pasa. Aprendes a avanzar y a limar las aristas de esos errores que pesan. También aprendes a desprenderte de aquello que un día te aportó y ya no. O que las cicatrices son historias y que, en ocasiones, no hay que esforzarse en taparlas, sino en tener el valor de mostrarlas con orgullo, las que siguen quemando y las que superaste.”

Foi um final lindo, foi a jornada perfeita. O amor é mesmo a força mais poderosa e transformadora do mundo. 

“Ese día, mientras nos dibujábamos, me di cuenta de que hay palabras que son besos y hay miradas que son palabras"

E a Yellow Submarine vai sempre lembrar-me de Axel e Leah. Assim como a Let it Be. 

“Hay sonrisas que esconden verdades. Que hay tardes cualesquiera que se convierten en recuerdos importantes. Que los momentos determinantes ocurren cuando menos te lo esperas. Que el encanto de la vida reside en ese algo impredecible"

 

24
Set21

49. Hallelujah

mar

Apenas para dizer que não, não me partiu o coração. Pelo contrário, fez-me sorrir e aqueceu-me a alma. Grande livro

“You can’t re-create the first time you promise to love someone or the first time you feel loved by another. You cannot relive the sensation of fear, admiration, self-­consciousness, passion, and desire all mixed into one because it never happens twice. You chase it like the first high for the rest of your life. It doesn’t mean you can’t love another or move on; it just means that the one spontaneous moment, the split second that you took the leap, when your heart was racing and your mind was muddled with What ifs?—that moment—will never happen the same way again. It will never feel as intense as the first time. At least, that’s the way I remember it. That’s why my mother always said we memorialize our past. Everything seems better in a memory.”

 

“The present is our own. The right-this-second, the here-and-now, this moment before the next, is ours for the taking. It’s the only free gift the universe has to offer. The past doesn’t belong to us anymore, and the future is just a fantasy, never guaranteed. But the present is ours to own. The only way we can realize that fantasy is if we embrace the now.”

 

“And in that moment, you realize how little control you have over your own destiny. From the time you're born, you have no control; you can't choose your parents, and, unless you're suicidal, you can't choose your death. The only thing you can do is choose the person you love, be kind to others, and make your brutally short stint on earth as pleasant as possible.”

 

“Poetry is just evidence of life. If your life is burning well, poetry is just the ash.”

 

“human element about this place can make you fall in love and break your heart at the same time. When you hear her sound, when you breathe in her scent, you share it with all the people walking beside you on the street, in the subway, or gazing from a tall building across Central Park. You know at once that you are alive, and that life is beautiful, precious, and fleeting.”

23
Set21

48. it's never over

mar

Estou a ler (e a amar) o Before We Were Strangers da Renée Carlino, escritora que estou a conhecer pela primeira vez e, até agora, me tem surpreendido muito pela positiva. Estou completamente envolvida e absorvida nesta história e, como sempre, nas personagens. Acho que para mim o elemento que me faz apaixonar são sempre as personagens, as suas características, os seus percursos, as relações que criam entre si e o modo como se desenvolvem e transformam. Duas personagens bem construídas (muitas vezes até apenas uma!), fazem um livro, como Before We Were Strangers tão bem ilustra. 

Em Grace, uma das protagonistas, encontro muito de mim, de várias versões do meu "eu". Algumas mais recentes, outras passadas, mas é curioso como esta personagem parece uma compilação dos diferentes traços da minha pessoa ao longo destes 27 anos de vida. Desde as coisas simples, como amar Jeff Buckley (Lover, You Should've Come Over é a minha música favorita de todo o sempre, não há hipótese, sempre que os primeiros acordes começam, o meu coração contraí com mais força e tudo em mim paralisa), às mais complexas e imperfeitas como a dificuldade em ser vulnerável, em dizer aquilo que vai dentro de mim e a ânsia de querer sempre controlar o modo como as coisas vão acontecer.
Mas não é apenas Grace que me faz olhar ao espelho; é também a relação que cria com Matt, que me faz, inevitavelmente, viajar aos primeiros anos da minha relação. Aquela intensidade, a descoberta de um amor maior, gigante, que parecia ser demasiado para ocupar os limites do meu corpo e, como tal, transbordava, deixando um rasto por onde quer que eu passasse. O modo como me entreguei, como deixei a vida fluir, como peguei no meu coração, embrulhei e o ofereci ao meu namorado, sempre com medo que ele o fosse quebrar mas, ao mesmo tempo, confiante de que estava entregue nas mãos de alguém que olhava para mim como se eu fosse o sol, o mar, o céu azul e a natureza toda no seu esplendor mais bonito. 
A relação de Grace e Matt não é perfeita, assim como nenhuma alguma vez é, e as suas imperfeições relembram-me as nossas, por serem tão semelhantes. A dificuldade que sempre senti em abrir-me por completo e permitir-me ser vulnerável, expressar aquilo que me doía, o que não gostava e o meu namorado, do outro lado, sempre num exercício de paciência e resiliência, a tentar interpretar os meus silêncios e arrancar-me as palavras, em intermináveis jogos do sério, a ver quem cedia primeiro. O que esteve em causa nunca foi a confiança nele, mas sim a confiança em mim mesma e no meu valor enquanto pessoa. O acreditar, ainda que erradamente, de não ter direito a sentir determinados sentimentos; a censura de alguns pensamentos e a proibição de sentir e pensar tudo aquilo que poderia por em causa o sentimento dele por mim, acreditando que ao ver o meu lado mau, o bom não seria suficiente para compensar e, inevitavelmente, tudo quebraria. 
Mas só podemos amar alguém quando aceitamos tudo acerca de si, seja o bom, seja o mau. E isso é válido quando falamos acerca do amor que sentimos pelo outro, mas também pelo que sentimos por nós próprios. Quando temos liberdade para nos expressarmos e sermos quem somos, quando o outro nos permite esse espaço, nos respeita incondicionalmente nesse esforço contínuo de nos pormos no mundo tal e qual como somos, sabemos que é amor. E foi isso que nos aconteceu. Ele ensinou-me a dar pequenos passos em direção à aceitação, fez-me compreender que não ia a lado nenhum por eu ser quem sou e que esse núcleo, cheio de coisas boas e imperfeições, é o que o faz ficar bem perto e junto de mim. Eu alimentei-me dessa verdade e fui despindo todas as camadas que outrora construí, até que no final fiquei eu, apenas eu, exposta e vulnerável, com tudo aquilo que sou e trago comigo. E ele viu, apreciou, abraçou-me num daqueles abraços que valem mais do que mil palavras e que têm o poder de dizer tudo, sem ser necessário proferir um som ou verbalizar uma palavra. 
E é tudo isto que encontro quando me perco na leitura da história de Grace e Matt. Os seus encontros e desencontros, o modo como, por vezes, a vida se intromete no caminho, mas como aquilo que tem de ser encontra sempre o seu rumo. Como o amor nos transforma, nos fortalece e nos faz acreditar que tudo é possível. 
Ainda não terminei e estou naquele sentimento ambivalente, alternando entre o desejo e a ânsia de ler o livro até ao fim e a calma e prazer de saboreá-lo, aproveitando ao máximo estas personagens, a quem me vai custar dizer adeus. Estou a torcer, a rezar mesmo, para que este livro não me parta o coração. E, nos entretantos, perco-me a ouvir Jeff Buckley,  sabendo que não tornarei a ouvir uma canção sua sem pensar nesta história ... e, inevitavelmente, na minha, nossa. 
 

Sometimes a man gets carried away,
When he feels like he should be having his fun
Much too blind to see the damage he's done
Sometimes a man must awake to find that, really,
He has no-one...
So I'll wait for you... And I'll burn
Will I ever see your sweet return?
Oh, will I ever learn?
Oh, Lover, you should've come over
'Cause it's not too late.

 

15
Set21

43. Without Merit

mar

Andei muito tempo a adiar a leitura do Without Merit da Colleen Hoover (em português, A Ilusão de Merit). Parece estranho, sendo eu uma leitora compulsiva assumida de tudo que a Colleen escreve, mas a verdade é que este livro nunca me despertou interesse. Primeiro, pelo nome; segundo, pela capa; e, por último, pela sinopse estranha e confusa. Não me cativou também o facto de ter lido reviews no GoodReads e este ser um dos poucos livros da Colleen com menos pontuação e menos críticas positivas. 

Demorei muito tempo a adquiri-lo e admito que quando o fiz, fi-lo por duas razões muito elementares: 1º, porque estava em promoção e 2º, porque tenho um lugar na minha biblioteca reservado para Hoover e, como tal, tenciono ter todos os livros por si escritos. Mas entre comprar e começar a lê-lo, passaram-se meses. Ainda coloquei o livro na mesinha de cabeceira, para ver se a coisa se dava, mas surgia sempre um interesse maior e depois uma coleção e o livro foi ficando, a acumular pó, à espera. 

No sábado à noite, depois de terminar de ler Franco, o último livro da coleção Bright Side, de Kim Holden, decidi que estava na hora de pegar na llusão de Merit e dar-lhe uma oportunidade. Comecei no domingo e terminei hoje de manhã o último capítulo. Confesso que à medida que ia lendo, pensei para comigo mesma diversas vezes "mas porquê que eu resisti tanto a este livro?". Porque se revelou uma boa surpresa.

Não posso dizer que me deixou arrebatada ou que foi o melhor livro da Colleen que já li. Mas cativou-me ao ponto de estar no trabalho e pensar, por mais que uma vez, que só me apetecia chegar a casa e ler um pouco mais. Descobrir mais acerca de Merit e da história da família Voss, que é tão estranha, excêntrica e única, que me prendeu desde as primeiras páginas. 

Colleen atacou e ganhou novamente, porque é uma excelente contadora de histórias. As suas personagens e as relações que estabelecem entre si têm sempre o poder de nos envolver e cativar, de nos deixar sedentos de as conhecer melhor e as acompanhar. Gostei muito do modo como Colleen construiu, desconstruiu e tornou a construir a personagem de Merit, assim como as restantes da sua família. A dinâmica familiar estranha, até mesmo absurda, que nos faz concluir que não existem famílias perfeitas, que todos trazemos muito mais dentro de nós do que aquilo que permitimos que os outros vejam e que somos muito mais complexos, profundos e incoerentes do que aquilo que gostaríamos de ser. Gostei do modo como a saúde mental é abordada e como um episódio dramático conseguiu ser redentor e revolucionar a vida de todos os elementos da família; gostei, particularmente, da forma como a explosão de Merit reforça a ideia de que a comunicação, aberta e honesta, nos leva sempre mais longe e nos aproxima mais uns dos outros. Fez-me lembrar, nem a propósito, do meu desabafo de ontem. 

Pelo meio, ficam diálogos muito bonitos, reflexivos e outros incrivelmente cómicos, que tornaram esta leitura tão boa e confirmaram a minha paixão literária imensa por esta escritora. Aconselho vivamente a leitura, desta vez li em português, mas acredito que a versão original valha muito a pena (não desfazendo a portuguesa, que também está muito boa!). Ah, e já agora, depois de ler, o título, que inicialmente me causou estranheza, passou a fazer todo o sentido 

26
Ago21

32. Bright Side

mar

Estou a tentar organizar os meus pensamentos e, admito, sentimentos, para escrever acerca de Bright Side, de Kim Holden. Terminei este livro ontem e ainda estou meia anestesiada com a experiência desta leitura. Por onde começar? Por dizer que chorei durante duas horas? Que adormeci lavada em lágrimas? Mas que também sorri e me ri como uma tontinha?

Quero muito, mesmo muito, falar-vos deste livro e estou numa angústia enorme porque tenho receio de que nada do que eu escreva seja suficiente e se aproxime de um retrato real e fiel ao que este livro é. Ainda não comecei a escrever e já me sinto bloqueada e a sentir que cada palavra é uma facada que estou a dar a uma obra de arte como esta. Por isso, antes de avançar, quero fazer esta ressalva. Vou tentar, mas preparem-se para que as minhas palavras sejam mais pobres e confusas do que aquilo que eu gostaria que fossem.

Bright Side. O nome do livro é, por si só, o prenúncio de que vamos encontrar algo de positivo e, de facto, assim que lemos as primeiras páginas, encontramos a alma que responde por este nome e lhe dá vida: Kate Sedgwick.

Sem querer parecer exagerada, Kate é, talvez, uma das melhores personagens que já conheci. Aos meus olhos, a Kate reúne tudo aquilo que um dia eu gostaria de ser e é curioso como Kim Holden, a autora do livro, refere exatamente a mesma coisa no final: a Kate é quem quero ser quando for grande. É a grande aspiração e inspiração. Mas porquê?, perguntar-me-ão. O que a torna única e tão especial é como diz Gus, o seu melhor amigo:

“She’s the poster child for positivity. She’s a freaking ray of sunshine. She doesn’t just look on the bright side … she lives there.”

Kate é carpe diem, é o expoente da bondade e amizade, é a consciência sábia e plena de viver no lado positivo da vida, que existe sempre, por mais impossível e difícil que possa parecer em alguns momentos. E Kate sabe isso melhor do que ninguém porque a sua vida é provação atrás de provação, está constantemente a desafia-la, a todos os níveis, em várias dimensões. Kate escolhe sempre amarrar-se ao melhor:

“Today, my life is awesome.
I don’t want to think about tomorrow.
Or the day after that.
So I repeat to myself: Today, my life is awesome.

Kate é a gratidão, é capaz de ver além do óbvio e encontra sempre algo bom, sobretudo nas pessoas. Isso faz com que seja uma força motivadora para todos aqueles que estão em seu redor. Kate acredita nas pessoas, no seu potencial e dedica-se arduamente a que estes acreditem em si próprios, a que realizem os seus sonhos e abracem o presente com toda a espontaneidade que torna a vida tão incrível.

“I've always been pretty good at accepting the whole of someone, the good with the bad. I see it all, but try not to let it cloud my judgement. People are complicated. Life is complicated.”

“Don't judge each other. We all have our own shit. Keep your eyes on yours and your nose out of everyone else's unless you're invited in. And when you get the invitation, help, don't judge.”

E como é uma pessoa que parece sol, porque ilumina e aquece todos em seu redor, Kate está rodeada de pessoas incríveis como Gracie, Gus, Clayton, Shelby e, claro, Keller. À medida que ia lendo, mais e mais, só tinha vontade de também eu ser amiga de Kate. De conhecer alguém assim, tão estupidamente positivo, mas uma positividade que não é tóxica nem nefasta. É uma positividade genuína de alguém que opta por maximizar as bênçãos e minimizar as dores, nunca deixando de as sentir. Precisamente por as sentir é que Kate valoriza o que a vida tem de melhor, que são as pessoas, o por do sol, a bondade, a amizade, o amor, uma boa chávena de café, um bom livro. Não posso, nem quero, dar-vos muitos detalhes da história, mas quero que frisem que Kate está ciente de que a vida é incrível e de que podemos não estar conscientes disso e, por isso mesmo, não a aproveitamos como deveríamos.

“I’m not saying you shouldn’t pursue dreams and goals. Just don’t forsake the present for the unknowns of the future. A lot of happiness is bypassed, overlooked, postponed to a time years from now that may never come. Don’t bide your time and miss out on this moment for a tomorrow with no guarantee.”

“I would've missed out on some of the best moments of my life if I weren't spontaneous. Honestly, I try not to think about the future too much. I'm a huge fan of the present.”

O livro começa com a despedida de Kate e Gus, o seu melhor amigo, antes de Kate ir para a universidade. A relação entre ambos é muito especial, são quase uma extensão um do outro. As diversas interações entre eles são deliciosas por se basearem numa amizade pura, honesta, real, onde há genuinamente cuidado e interesse e o sentimento de desejar o melhor do mundo ao outro. Lá está, faltam-me as palavras para conseguir descrever o modo como Kate e Gus funcionam tão bem, numa dinâmica tão única e bonita.

À medida que a história se desenrola, acompanhamos a Kate nesta nova fase da sua vida e vemos tudo através dos seus olhos, o que é uma perspetiva incrível. É um par de óculos que eu gostaria de colocar e nunca mais tirar.

Surgem novas amizades, experiências, um grande amor.

“I love you more than you could possibly imagine.”
"My imagination is endless,”
“Good. So is my love.”

E há muito, muito para descobrir neste livro. Embora me tenha arruinado emocionalmente, porque é a verdade, causou uma destruição interna de dimensões inacreditáveis, ao mesmo tempo, este livro fez-me sorrir tanto. Dei por mim a rir-me sozinha, a deliciar-me com passagens tão simples, mas tão acolhedoras e bonitas.

Acima de tudo, este livro é isso mesmo: bonito. É intenso, é trágico, é lindo, é injusto, é espontâneo, é tudo aquilo que a vida também é. E a grande mensagem que a autora procurou transmitir resume-se em três simples palavras:

“You are brave.”

Todos nós, sem exceção, já vivemos períodos duros e difíceis. Já nos confrontamos com o sofrimento, com a perda, com a dor, com a impotência, com a fragilidade, com a sensação de desnorte, de confusão, de algo ser demasiado para aquelas que são as nossas capacidades. Mas todos nós também, sem exceção, somos capazes de nos transformar, de rescrever a nossa narrativa, de reconstruir os problemas em soluções, de nos adaptar, de crescer e fazer magia com a matéria prima que a vida nos dá.

“Just when you think you know someone, they change. Or you change. Or maybe you both change. And that changes everything.

Ainda estou a digerir tudo aquilo que este livro simbolizou para mim. E é engraçado que o meu namorado e amigas minhas dizem-me: mas porquê que lês coisas assim, que te fazem chorar? É precisamente por me fazerem sentir, por me fazerem embarcar em viagens interiores e reflexões que livros como Bright Side conquistam um lugar privilegiado no meu coração. Sabemos que um livro é bom quando nos arrebata, quando nos vira do avesso e nos faz confrontar com tantas emoções e pensamentos.

Acho que não consigo escrever mais sem entrar em detalhes que poderão estragar a vossa experiência de ler este livro. Kate é uma personagem que vai ficar comigo por muito tempo, que me inspira, que me faz querer ser melhor, que me ensinou muito. Podem achar-me doida, mas há personagens que me ficam cravadas na alma e se isso não é a coisa mais extraordinária de ler, então não sei o que será.

“Reading is an escape from the outside world. Everyone needs a little of that to keep their sanity.”

Espero mesmo que leiam este livro e, se o fizerem, por favor partilhem comigo como foi a vossa experiência. Quanto a mim, acabei de o comprar para ter na minha biblioteca e vou seguir para o segundo livro da coleção: Gus. Sem nunca esquecer:

“Gus, it always gets better.”

 

25
Ago21

31. um chá: edição falecidos

mar

Após o chá das cinco dos vivos, apresento-vos agora a lista do chá com a eternidade, as escolhas daqueles que infelizmente já cá não estão, na edição dos falecidos. 

A primeira escolha é para os geeks, nerds, o que quiserem chamar, da malta da área da psicologia. E não, não estou a falar de Freud. Honestamente, acho que até teria algum receio de tomar chá com o caríssimo Sigmund, pois provavelmente estaria o tempo todo a analisar os meus atos falhados que, infelizmente, não são poucos. Refiro-me a Michael Mahoney, para mim um dos melhores psicoterapeutas da história. A obra constructive psychotherapy é um dos livros da minha vida e já perdi a conta ao número de vezes que a li e reli. Mahoney inspira-me não só como profissional, mas como pessoa. Há uma esperança e motivação que trespassam das suas palavras para a vida real que me fazem querer sempre ser mais e melhor. Algo que me causa estranheza quando penso na forma como deixou este mundo. Tenho a certeza que uma tarde passada a conversar com Mahoney seria como ganhar o euromilhões. 

Depois, não há como não escolher Martin Luther King Jr.. Desde que me lembro de ser uma pessoa pensante sempre me senti, simultaneamente, fascinada e aterrorizada pela segregação racista. Aterrorizada por aquilo que somos capazes de fazer uns aos outros, sem qualquer remorso ou peso na consciência, muitas vezes até crentes de que estamos certos e somos seres de valor moral superior. Ao mesmo tempo, fascinada pelo modo como, sem violência, os negros foram capazes de lutar pelos seus direitos e transmitiram a sua mensagem. É preciso ser-se muito nobre, grande, gigante para não recorrer às mesmas armas e optar pelo caminho da paz e amor perante o ódio e a violência. Adoraria conversar com Martin Luther King Jr. e ouvi-lo falar da sua jornada, dos seus valores e ideais. Claro que existem muitos outros como Nelson Mandela, por exemplo, mas não posso fazer mais batota, por isso opto por aquele que é a figura que, desde pequena, me inspira no que diz respeito à tolerância e a não fazer aos outros aquilo que não gostamos que nos façam a nós. 

De seguida, duas mulheres da área da música que o mundo perdeu cedo demais e que tinham tanto de talento como de insegurança. É impressionante como podemos ser tão bons, mas se não acreditarmos nisso, nunca nos sentimos dessa forma, por mais que os outros nos veja desse modo. Falo de Janis Joplin e Amy Winehouse. São de duas gerações completamente diferentes, mas sempre as achei tão parecidas no que diz respeito à sua psique. Depois de ver o documentário Little Girl Blue e o Amy (ambos vivamente recomendados) só senti vontade de as abraçar e dizer "meninas, vocês são incríveis, não deixem que ninguém vos convença do contrário e vos faça sentir que são menos do que isso!". Por isso, eu adorava ter a oportunidade de me juntar com estas duas mulheres que tanto admiro e poder dizer-lhes abertamente o quão épicas e inesquecíveis são. Depois pedia para cantarem para mim claro: a Janis podia cantar-me a Maybe e a Little Girl Blue e a Amy poderia cantar a You Sent Me Flying e a Help Yourself. Agora que penso, quão incrível seria estas duas se conhecerem? 

Ainda no universo musical, tenho mesmo de convocar o Jim Morrison para um chá. Para mim, as letras dos The Doors são poesia pura e eu adoraria conversar sobre isso com Jim. Adoraria ter a oportunidade de o conhecer, ele que foi uma figura tão carismática e única, embora ao mesmo tempo tão insegura, ao ponto de precisar de cantar de costas para não encarar o público. Seria uma tarde inesquecível, não tenho dúvidas.

Como convidados especiais, duas pessoas inspiradoras. A primeira, mais um nome da psicologia, o enorme Carl Rogers. Tornar-se pessoa é mais um dos livros que me marcou e transformou radicalmente a minha forma de estar na vida. A ideia de que estamos em constante processo de mudança, que estamos constantemente a tornar-nos, libertou-me de muitas crenças nada positivas. Rogers é luz, é esperança, é conforto, é aceitação, é acreditar que podemos tudo. Por algum motivo foi o criador da corrente humanista, aquela que vê o outro como ele é, que o aceita, que o acolhe e acredita profundamente no seu potencial.

A segunda, Tao Porchon-Lynch, a mais antiga professora de yoga, que faleceu recentemente, em 2020, mas que deixou um legado inspirador. Uma mulher pequenina e franzina que irradiava boa energia, sempre em movimento, confiante em si e na vida, que acordava todos os dias e dizia a si mesma "hoje vai ser o melhor dia da minha vida!". Como não querer estar na companhia de alguém assim? Acredito que uma tarde com Tao seria o equivalente a rejuvenescer muitos anos de vida.

25
Ago21

29. um chá: edição vivos

mar

Um amigo meu criou uma espécie de lista mental das cinco pessoas do mundo inteiro com quem adoraria tomar um café e conversar acerca da vida. Quando me contou acerca desta lista e me explicou as suas opções, fiquei de imediato a refletir sobre quem seriam as pessoas que constariam na minha lista. De acordo com o meu amigo, só podem ser incluídas pessoas vivas, mas após muita reflexão e muitos nomes depois, cheguei a duas listas: a edição dos vivos e a edição dos falecidos.

Hoje vou partilhar com vocês a primeira e admito, desde já, que não fui capaz de me ficar apenas por 5 pessoas, por isso incluí, em ambas, dois convidados especiais. E além desta batotice, ainda alterei a bebida, porque odeio café, por isso, teria de ser um bom chá! 

Então, a primeira pessoa que me passou pela cabeça foi a Colleen Hoover. Já escrevi acerca do quanto a admiro, não apenas como escritora, mas como pessoa. Acho que tomar um café com a Colleen ia ser uma das experiências mais divertidas da minha vida. Se a seguirem nas redes sociais, conseguem facilmente perceber como ela é incrível.

A minha segunda pessoa seria a Esther Perel. Também já a referi num ou outro texto por aqui e não é à toa. A Esther Perel é uma das minhas maiores referências, não apenas na área da psicologia (mais concretamente na área conjugal). É uma mulher super interessante e segura de si, as suas palestras deixam-me sempre rendida não só pela informação que partilha, mas pela confiança com que o faz. Admiro-a imenso e ao seu trabalho, por isso, consigo imaginar-me a passar horas a conversar com ela. 

Ainda na secção das mulheres, a Sarah Blondin tem um lugar obrigatório nesta lista. Acompanho o trabalho da Sarah através da aplicação Insight Timer e as suas meditações são algo para o qual creio ainda não existirem as palavras certas para definir. São mais do que uma paz imediata; são poesia pura. A alma da Sarah está espelhada no modo como escreve e nos guia nas suas meditações e é uma alma boa, cheia de luz e serenidade. Sempre que me sinto menos bem, as suas palavras confortam-me e adoraria conhecê-la melhor, a sua história e percurso.  

 

Não posso não referir aquele que é não apenas um dos meus escritores favoritos de todo o sempre, mas também uma das minhas maiores inspirações e referências na área da psicoterapia. Sim, falo do grande, gigante, enorme Irvin Yalom. Daria tudo para ter a oportunidade de o conhecer e lhe dizer, pessoalmente, o quanto me inspirou ao longo do meu percurso, não só como estudante, mas essencialmente como pessoa. Consigo reler e reler os seus livros, sem nunca me cansar. O Yalom não é apenas um psicoterapeuta extraordinário como também é um contador de histórias maravilhoso e ler sobre os seus casos clínicos é a certeza de que o paraíso existe e muitas vezes é um lugar aqui na terra. 

 

A minha próxima referência poderá ser considerada batotice, mas não é possível escolher apenas um deles porque eles, para mim, sempre funcionaram como um organismo único, em que é a existência das diferentes partes que forma um todo espetacular. Refiro-me ao cast de friends. Sentados no icónico sofá laranja do Central Perk, sei que me divertiria muito a tomar café com o Ross, o Chandler, o Joey, a Phoebe, a Monica e a Rachel. Estas seis personagens fazem parte da minha vida há muito tempo e por mais louco que isto possa parecer, ao fim de tantas temporadas vistas e revistas vezes sem conta, sinto-os como amigos. Por isso, a sua presença nesta lista é imperativa.

Chegamos ao apêndice inventado por mim, onde selecionei mais duas pessoas como convidados especiais. Preparem-se que os dois não têm nada a ver um com o outro, aliás, não poderiam ser mais opostos.

O primeiro convidado especial seria o lendário e poderoso Axl Rose. Todos temos uma banda que marca a nossa adolescência e, em alguns casos, a nossa vida toda. A minha são os Guns and Roses. Sei que o Axl não é uma figura consensual e é mais facilmente odiado do que adorado. Para mim, no entanto, o Axl é um génio naquilo que faz e sei que muito da sua forma de estar na vida se deve ao muito que já viveu. Adoraria conhecê-lo melhor e confirmar que, por trás daquela magnitude de rock star, está alguém profundamente sensível e especial. Porque só alguém assim escreve músicas como a Estranged ou a November Rain.

(eu sei que atualmente o Axl tem 59 anos e em nada se assemelha ao Axl dos anos 80, mas vamos ficar antes com esta recordação visual)

E, por último, uma pessoa muitíssimo especial: Dalai Lama. Tenho um fascínio enorme no que diz respeito ao budismo e o Dalai Lama é uma pessoa que nunca me pareceu real, tal é a serenidade que o envolve. É como se o homem estivesse rodeado por uma bolha invisível de paz e sapiência, impermeável a qualquer mal. Adoraria ouvi-lo, estar na sua presença e ser invadida pela sua tranquilidade. 

Ainda partilharei uma outra lista, a edição dos falecidos, porque há tanta gente boa que já cá não está e que adoraria ter a oportunidade de conhecer. 

E vocês? Com quem gostariam de tomar um café/chá e passar uma boa tarde a conversar? Quem vos inspira? 

20
Ago21

22. A minha experiência com o Kobo

mar

Nunca pensei escrever um post sobre o tema do qual vos vou falar. Mas também nunca pensei que fosse fazer parte do grupo onde hoje me insiro. Sem mais rodeios e demoras, vou falar-vos sobre uma aquisição que mudou a minha vida (para melhor) e à qual resisti muito, mas que hoje sou forçada a admitir que estava errada. Falo-vos, queridos leitores e leitoras, do Kobo. 

Sim, seja ele de que modelo for, porque há vários para todos os gostos, tamanhos e preços, o Kobo é um investimento seguro e que vale muito a pena. Vou contar-vos a minha experiência, desde os primórdios em que o conceito de e-reader me parecia uma verdadeira traição aos livros físicos, reais, de papel, que tanto gostamos de ter nas nossas bibliotecas pessoais. 

Quando percebi, pela primeira vez, o que era um e-reader não consegui compreender o zum-zum que tanta gente fazia acerca do mesmo. Um tablet meio manhoso, com pouca ou nenhuma tecnologia, substitui a experiência de ler um livro? Achei duvidoso e, de imediato, declinei. Se há coisa que um leitor que se preze gosta é de sentir o papel, o prazer de virar uma página e mergulhar naquele conjunto de letras, o cheiro próprio e único que só os livros têm. Por isso, nesta fase, para mim existiam os leitores - os que não sucumbiam às modernidades e eram fiéis aos livros físicos - e os outros - os traidores. 

No entanto, após meses de muita aquisição literária, comecei a ter um problema. A quantidade de livros no meu quarto (na altura, ainda morava na casa dos meus pais) aumentava, mas o espaço continuava a ser precisamente o mesmo. Conclusão: a dada altura o meu quarto já se assemelhava mais à biblioteca municipal do que com um quarto normal. Além da falta de espaço, detetei duas outras situações: 1) o orçamento que estava a gastar em livros começou a disparar e 2) alguns livros que comprava a valores não muito simpáticos não eram livros tão incríveis como eu pensava que seriam e que, se pudesse, não os colocaria na minha biblioteca. 

Ora, posto isto, comecei a pensar que talvez até fosse interessante ter uma forma de ler alguns livros primeiro, a um preço mais acessível, antes de os comprar em formato físico e os ter a ocupar espaço nas minhas estantes. Foi neste momento que começou a nascer a ideia de adquirir um e-reader. Problema: eu não percebia patavina do assunto. Solução: falar com amigos que já possuíam um, para pedir feedback, e lançar-me na internet à caça de reviews. 

Por parte de amigos, a conclusão tendia sempre no mesmo sentido: vale a pena. Uma amiga disse-me de forma perentória: foi a melhor coisinha que comprei, porque assim posso ler de tudo, mas só compro mesmo aqueles livros que adoro, que vale a pena ter em papel. 

Assim, após muita investigação, aceitei que o investimento valia a pena e que iria acontecer. No entanto, não sabia que investimento ao certo iria fazer. A primeira dúvida foi entre comprar um Kobo ou um Kindle? Na altura, procurei muita informação sobre as diferenças entre ambos e, de um modo muito geral e simplicista, conclui que o Kobo acaba por compensar mais porque lê uma maior variedade de formatos, enquanto o Kindle apenas lê formatos mobi, que são os formatos da Amazon. Embora isto não tenha de ser necessariamente um problema porque existem programas que fazem a conversão de formatos. No entanto, na altura de fazer uma escolha, pensei que seria mais sensato optar por um aparelho que lê mais variedade de formatos, sem ter de me estar a aborrecer com conversões.

De seguida, veio a dúvida acerca de que modelo Kobo escolher, porque existem vários. Tinha muitas dúvidas em relação ao tamanho, o meu grande medo era optar por um que fosse demasiado pequeno e que as letras me parecessem formigas dançarinas. Após mais uma grande pesquisa e muitos vídeos de youtube de reviews depois, optei pelo modelo Kobo Clara. Não é dos maiores, pelo contrário, e quando o comprei na Fnac até estranhei ser tão pequeno. No entanto, após quase um ano de utilização posso dizer-vos que, para mim, tem o tamanho ideal. É pequenino, prático para levar para todo o lado, e não há o problema de o texto parecer pequeno porque a) nunca parece e b) mesmo que pareça, existe a opção de o aumentar. 

O objetivo do Kobo não é que este seja um tablet, por isso, a lógica não deverá ser de "quanto maior, melhor". É certo que existirão pessoas que preferem modelos maiores do que este, mas lembrem-se que a mais valia do Kobo é a sua mobilidade, é andarmos com ele de um lado para o outro, por isso, se for pequenino, mais fácil será o seu transporte. 

Quanto à luminosidade, é outra coisa espetacular. Aquilo tem uma tecnologia qualquer que faz com que pareça mesmo que estamos a ler uma página de um livro e ao contrário das luzes dos telemóveis, tablets e computadores que tendem a excitar-nos (e, consequentemente, quebrar os ritmos de sono pela inibição da produção de melatonina), a luz do Kobo não o faz. Tem até um sistema que a partir de x hora, a luz torna-se menos intensa. Ah, e mais um plus que me esqueci de referir: com a luz do Kobo não precisam de mais luz nenhuma acesa. É mais do que suficiente para lerem bem! 

Mas aquilo que, para mim, é realmente incrível é o facto de num aparelho minúsculo conseguirmos carregar uma biblioteca inteira. Tem capacidade para armazenar tantos livros, é fantástica a sensação de que podemos ler em qualquer lado, aquilo que nos apetecer, sem andar a carregar dezenas de livros. Ah, e sem esquecer o factor económico. É muito fácil arranjar livros mais baratos, alguns mesmo até gratuitos, o que leva a uma enorme poupança no orçamento. Sobretudo em relação a livros que são de leitura agradável, mas que não são incríveis nem inesquecíveis e, como tal, não fazemos grande questão de que ocupem espaço na nossa estante de casa.  

Algo que é extraordinário e é um fenómeno que ainda não consegui compreender ao certo é que ler através do Kobo faz multiplicar a quantidade de livros lidos. Não sei se é por ser tão prático, por nos permitir ler em qualquer lugar, mas torna a leitura ainda mais viciante e facilmente se termina um e já se está a escolher o próximo livro. 

Depois tem todo um conjunto de coisinhas fofinhas que permite fazer como organizar os livros, sublinhar expressões/citações, tem dicionário, o que é ótimo sobretudo quando lemos noutras línguas e não conhecemos alguma palavra. São tudo coisinhas que tornam a experiência de ler muito mais agradável. 

No final, percebi que não há diferença entre ler livros digitais ou em papel, porque no final são sempre livros e o prazer é sempre o mesmo. Continuo a amar os livros reais, de capa, em papel e o meu maior orgulho é a minha biblioteca, mas o Kobo não substitui este amor, apenas o expandiu e agora guardo espaço na minha estante para aqueles livros que têm um lugar mesmo cativo e garantido no meu coração.

Por isso, caso façam parte, como eu também já fiz, do grupo que olha para os e-readers com dúvida e suspeição, espero que este texto vos ajude a perceber as diversas vantagens que podem obter, enquanto leitores, a mergulhar nesta modalidade. É muito fácil de utilizar, mesmo muito intuitivo.

O Kindle também poderá ser uma opção interessante e aconselho a que pesquisem, mas sem esquecer que este é vendido através da Amazon e, se não estou em erro, para o adquirirem têm de comprar através da Amazon noutros países que não Portugal. Quanto ao Kobo podem sempre comprar na Fnac e ter toda a assistência necessária. 

Sei que este post parece patrocinado, mas juro-vos que é apenas o relato da minha experiência e apenas o fiz na esperança de conseguir ajudar alguém como eu há alguns meses, que muito procurei e li para fazer a escolha acertada. Como já escrevi algumas vezes, gosto de pensar neste espaço como um lugar de partilha de pensamentos, experiências, opiniões. Por isso, espero que a minha partilha vos seja útil e permita ler muito :)

20
Ago21

21. Archer's Voice

mar

Um dos livros que li nas minhas férias e me "destruiu" emocionalmente foi o Archer's Voice da escritora Mia Sheridan. Foi um livro que li no Kobo, sem grandes expectativas, sugerido pelo GoodReads com base noutras leituras realizadas. E foi uma incrível surpresa.

Bree, uma jovem de vinte e poucos anos, decide fazer uma roadtrip sozinha, acabando por ir parar a uma pequena localidade acolhedora chamada Pelion, no Maine. Na verdade, Bree não se encontra a viajar por diversão, mas sim para fugir a uma realidade demasiado dura e difícil de enfrentar. Decide então ficar por Pelion, onde arranja um trabalho num restaurante local e, aos poucos, começa a conhecer os habitantes, todos muito calorosos e acolhedores, que a fazem sentir-se em casa. É aí que conhece Archer, que é totalmente diferente de todas as pessoas que já conheceu. Archer parece um homem das cavernas, com um cabelo e barba tão grandes, que se torna difícil decifrar a sua cara por baixo de todo aquele véu. Por algum motivo, Bree sente-se fascinada por ele e procura conhece-lo melhor, após uma primeira interação estranha. No entanto, Archer não é uma pessoa fácil de alcançar, sobretudo pelo facto de não falar e toda a gente em Pelion considerar que, além de surdo, é também doente mental. Nada disto faz Bree afastar-se, pelo contrário, fá-la sentir ainda mais curiosa e decidida a descobrir o homem que, embora enorme, parece ser invisível para todos, menos para si.

“And sometimes, that's all it takes–one person who's willing to listen to your heart, to the sound no one else has ever tried to hear.”

Não quero dar mais detalhes, porque não vos quero estragar a delícia que é a descoberta destas personagens e das suas histórias, sozinhas, e depois a sua história conjunta. Desfrutei muito deste livro porque não é, de todo, "atabalhoado". Nada nos é apresentado à pressa, com a ânsia de tudo se revelar de imediato. Pelo contrário, vamos descobrindo as diversas camadas das personagens, aproximamo-nos delas à medida que se aproximam uma da outra, com a estranheza inicial seguida do desejo de mais e mais. Sofremos muito com as suas histórias, torcemos até ao final para que tudo corra bem, para que exista uma bonança depois de tanta tempestade. Passaram por mim mil emoções desde revolta, fúria, surpresa, espanto, tristeza, euforia, alegria, desespero. Terminei o livro em prantos, com direito a ter o meu namorado a perguntar o que se tinha passado para eu estar a chorar compulsivamente. Coitado, ao fim de tantos anos de namoro e ele ainda não consegue perceber a minha desarga emocional associada à leitura. Pensa sempre que sou uma tolinha.

“Bad things don't happen to people because they deserve for them to happen. It just doesn't work that way. It's just… life. And no matter who we are, we have to take the hand we're dealt, crappy though it may be, and try our very best to move forward anyway, to love anyway, to have hope anyway… to have faith that there's a purpose to the journey we're on.”

Mas voltando a este livro, que para mim entrou diretamente no pódio de um dos melhores que li este ano. Há muitos critérios que podemos utilizar para avaliar se um livro é bom. A forma como está escrito, a história, a construção das personagens, o desfecho. Todos são válidos. Para mim, este livro é poderoso por diversos: primeiro, pela mensagem que transmite e pelo modo como o faz; segundo, pela forma como a história se desenvolve, a um ritmo e cadência que apreciei muito; e terceiro, pela miríade de emoções que provocou. Quando um livro nos envolve desta forma, chegando a todos os cantinhos internos do nosso organismo, é obrigatoriamente um bom livro. 

“...not all great acts of courage are obvious to those looking in from the outside.”

Escusado será dizer que recomendo muito, muito, muito a leitura. Muito mesmo. Já disse muito? Ok. Só ... mesmo muito!

10
Ago21

17. yellow submarine

mar

Sou uma leitora compulsiva. Admito, sem qualquer pontinha de vergonha, aliás, digo-o com um imenso orgulho. Ler é um dos meus maiores prazeres, é o meu escape, é a minha terapia, é o meu interruptor para me desconectar do mundo e da realidade e embarcar, sem saber o destino, apenas desfrutando da viagem. 

Quando comecei a ler o "Tudo o que nunca fomos", de Alice Kellen, soube de imediato que o livro iria terminar num cliffhanger, o que significaria que seria urgente e imperativo ler o segundo livro de seguida, o "Tudo o que somos juntos". Ora, acontece que, apesar do nome, Alice Kellen é uma escritora espanhola (e não inglesa, como julguei), logo, os seus livros apenas existem em espanhol e em português apenas temos ainda disponível o "Tudo o que nunca fomos". 

Habituei-me a ler em inglês, porque, por norma, sinto que no processo de tradução se perde alguma riqueza da escrita original. Já li os mesmos autores traduzidos e na sua língua original e creio que na segunda opção a leitura flui, parece mais natural e envolvente. Com este livro, como não foi possível, fiquei-me pela leitura em português, o que não me desiludiu de todo, mas creio que tal se poderá dever ao facto de a escritora ser espanhola e, deste modo, o processo de tradução não se desviou muito, uma vez que tanto o espanhol como o português são línguas de origem latina. 

O "Tudo o que nunca fomos" não é paixão à primeira página, mas é um amor que vai crescendo, lentamente, e que nos apanha de surpresa a dado momento, em que não conseguimos parar de ler e querer saber mais e mais. O livro, na minha opinião, é crescente, vai ganhando força e ritmo, oferecendo alguns capítulos que são tão bonitos e intensos que me fizeram estremecer, como o capítulo da tela branca que Axel pinta (e mais não digo porque não quero nada ser spoiler!). É uma história que, pela sua premissa, não é nada de novo ou extraordinário, mas, se pensarmos bem, já nenhum plot consegue sê-lo. Mas conquista-nos pelas suas personagens, neste caso duas em especial, Leah e Axel. É em torno destas duas peças que gira toda a trama e o desenvolvimento, quer de uma quer de outra, está muito bem desenhado. Não são personagens perfeitas, felizmente!, e têm tantas nuances e peculiaridades, que as torna tão reais e próximas do leitor. A dado momento já conhecia tão bem Axel que sabia exatamente como ele iria reagir ou sabia o que Leah iria dizer. Esta familiaridade e proximidade com as personagens é algo que eu, enquanto leitora, aprecio muito. Porque quando termino a leitura, as personagens continuam comigo e foi muito curioso o modo como, à medida que ia lendo, as palavras de Axel ou os comportamentos de Leah me surgiam no pensamento no decorrer do meu dia e me inspiravam. 

Porque este livro, acima de tudo, inspira-nos. A viver, a enfrentar as coisas com coragem, a acreditar, a parar, respirar, apreciar e agradecer. E a amar. Sem limites, sem barreiras, sem medos. É um livro que começa cinzento mas que se enche e transforma cheio de cor, energia, poesia, mensagens sublimes e profundas, com detalhes que gostei tanto. Nunca mais ouvirei a Yellow Submarine dos Beatles da mesma forma. Ou a Let it Be. Esta história apura todos os nossos sentidos, desperta-nos, faz-nos ficar atentos e alerta para a riqueza de estímulos que existem à nossa volta, a cada instante. Até porque num instante tudo pode mudar e jamais torna a ser igual. 

 

Recomendo mesmo muito, muito, muito este livro. Estou tão ansiosa por ler este livro que até enviei email à Editoral Presença para saber quando será publicada a segunda parte. Foram tão queridos que me responderam que, se tudo correr conforme previsto, dia 15 de setembro será publicado :) Por isso, que comece o countdown e, quem ainda não leu, não perca a oportunidade!